A coletânea Universo Feminino nasce de um choro calado, de um grito solto, da vontade de dizer o não dito, porém, sentido. Um manifesto da nossa manifestação. Um ato de expressão. De revolução. De emancipação. Um pedido de resgate das nossas identidades, para podermos ser livremente todas aquelas que somos em um único viver. Uma reapropriação de posse dos nossos corpos, da nossa dignidade, da igualdade social, das nossas vidas.
Um livro que vibra na intenção de dizer: “Ei, você? Eu existo. Essa mulher aqui tem identidade, não só aquela cheia de números de um registro civil, tão menos aquela limitada aos estigmas e opressões, nem apenas aquela de gênero, mas dessa mulher complexa, cíclica, multifacetada que sou.”

Tudo e tanto porque jamais venceremos ou mudaremos algo sozinhas. A força vem do coletivo, juntas, sim, somos capazes de lutar e construir um novo universo feminino, diferente, rico em respeito, dignidade, imerso em uma sociedade onde, de verdade, poderemos cuidar e sermos cuidadas para transbordarmos o bem-estar e o bem-viver.

Há ainda o outro lado. O universo feminino jamais estaria integralmente representado sem que estivesse presente o masculino e para trazer esse olhar convidei Gustavo Tanaka. “Mas um homem em um livro que fala sobre mulheres e o universo feminino?!”. Sim, esse livro perpassa estereótipos, fazendo-se espaço de expressão, união, revolução. A sua presença se alinha ao meu propósito, pois, a meu ver, o feminino não exclui o masculino. Essas forças se integram, como os nossos corpos se abarcam, como a própria natureza as contempla... tudo na vida combina esses impulsos, a potência está justamente na sua interação.